Paulo Izecksohn conta sua experiência da viagem ao Chile em 1999

Há 44 anos, um golpe militar depôs e matou o Presidente Salvador Allende e implantou uma ditadura que custou 3000 vidas. Só foi superado em crueldade pelo da Argentina em 1976 (30000). Quando estive no Chile, em 1999, encontrei uma nação dividida. Sim, teve quem gostou! A avenida que passa por cima da linha 1 do metrô chama-se 11 de Setembro. Não sei como se constrói um metrô subterrâneo numa cidade que tem terremotos escala 8. Minha lembrança mais dramática foi a ida a um show do Pendragon. Seria num teatro na Providencia, bairro onde ficava meu hotel, mas em cima da hora transferiram para o Elefante Disco Club, em Las Condes, um bairro distante (a Barra de lá), e o seguinte: puseram alguns ônibus para levar os espectadores. Quem perdeu, dançou. Dentro do ônibus, alguns jovens acenderam baseados. Ao passar por um imponente quartel, eles ficaram em pé nas janelas, exibindo a droga e xingando os vigias com os nomes mais odientos. Estes, por sua vez, apontavam os fuzis para os ônibus e faziam menção de atirar. Poucas vezes na vida passei tanto pânico. Não sei como estão as coisas por lá agora.


Paulo Izecksohn

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